Segundo portugueses, escolha de Felipão em treinar o Bunyodkor é um passo atrás na carreira do treinador

Agência/AP
Luiz Felipe Scolari vai comandar o Bunyodkor

Famoso no futebol mundial por ter sido pentacampeão com a seleção brasileira em 2002, o técnico Luiz Felipe Scolari anunciou no início desta semana que, após uma apagada passagem de pouco menos de um ano pelo Chelsea, vai comandar o Bunyodkor, do Uzbequistão.

Esta escolha de Felipão, que também fez sucesso à frente da seleção portuguesa – levou os lusitanos ao vice da Eurocopa em 2004 e ao quarto lugar do Mundial da Alemanha em 2006 -, surpreendeu os jornalistas europeus.

- A reação realmente foi de espanto. Depois de estar em um clube tão grande como Chelsea, as pessoas não conseguem acreditar que ele vai trabalhar em uma liga como a do Uzbequistão. Muitos dizem que foi por causa do dinheiro, mas vale lembrar que o salário no Chelsea não era um dos piores. Talvez (ele tenha ido) pela aventura – afirmou, em tom irônico, o jornalista inglês Patrick Nathanson, da rede de TV britânica “BBC”.

Nuno Raposo, jornalista do diário português “A Bola”, deixa a ironia de lado e aposta que a escolha foi por uma opção financeira somente.

- Me parece que só a questão monetária pesou na escolha de Scolari. Foi uma transferência claramente pensando em arrecadar mais algum dinheiro, apesar dos milhões de libras que vieram do Chelsea... Esportivamente foi ruim para ele. Um campeonato desconhecido, longe do interesse midiático. Mas talvez à espera de um dia regressar a Portugal, desta vez para treinar um clube – salientou Raposo.

Passo atrás na carreira

O português Luis Balla, da emissora lusitana “RTP”, é mais radical que o seu compatriota acima.

- Pelo Uzbequistão já passou o Zico, um jogador fantástico e um razoável treinador. Mas para um treinador com o currículo de Scolari não deixa de ser um enorme passo atrás na carreira.

Balla também mostra que, apesar da surpresa, os últimos resultados de Felipão levavam a crer que o destino do treinador, demitido do Chelsea em fevereiro, seria um país de menor expressão.

- Este será o culminar de uma carreira em rampa descendente já há vários anos. Ainda com a seleção de Portugal, a participação na Euro 2008 foi pobre, muito pobre. Nos resultados e nas exibições. Depois no Chelsea, foi o que se viu. Com um dos melhores elencos da Europa, o trabalho de Scolari, foi muito modesto. Aliás entre os críticos, ficou a idéia, se Guus Hiddink tivesse pegado na equipa mais cedo provavelmente o Chelsea teria estado na luta pelo título inglês até o fim – ressaltou.

Já o espanhol Pablo San Roman, repórter da agência de notícias francesa “AFP”, acredita que, no Bunyodkor, onde vai trabalhar com Rivaldo, o “expendioso” Felipão poderá se reciclar de alguma forma.

- Ele é um técnico muito caro, ainda mais com a crise financeira no futebol europeu. Além disso, sem pressão, ele pode melhorar o seu inglês, que não era nada bom, e no futuro voltar a trabalhar em algum clube inglês, escocês ou de outro lugar da Europa – observou.